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26/8/2014 09:13

Cruzeiro x Santa Rita: técnicos têm a mesma idade, mas ambições distintas

Marcelo Oliveira busca o bi brasileiro e o título da Copa do Brasil; Eduardo Neto considera a missão no time alagoano cumprida e pensa em voltar à base

Cruzeiro x Santa Rita: técnicos têm a mesma idade, mas ambições distintas
Marcelo Oliveira é o atual campeão brasileiro (Foto: Marcos Ribolli)

Os treinadores explicam o sucesso de Cruzeiro e Santa Rita na temporada. Em Minas, Marcelo Oliveira conquistou a confiança do torcedor com o título brasileiro do ano passado e se destaca por fazer o time celeste praticar um futebol vistoso e manter motivados todos os jogadores do elenco. Em 2014, só pensa em se manter no topo. Eduardo Neto, por sua vez, voltou a ser treinador em Alagoas depois de ter investido na carreira de coordenador das divisões de base. Aos 59 anos, diz não ter muitas ambições no futebol, mas espera que atletas do time alagoano despontem no cenário nacional. Quarta-feira, às 19h30, os caminhos dos dois técnicos se cruzam na Copa do Brasil. Os objetivos de ambos revelam a distância entre os times que, por caprichos da bola, pode ser diminuída em apenas dois jogos.

Marcelo Oliveira conhece bem o futebol alagoano. Em novembro de 2007, iniciou a carreira de treinador profissional no CRB, indicado pela diretoria do Atlético-MG. Os clubes tinham uma parceria e ele ficou em Maceió até o início de 2008. Depois, antes de chegar à Toca da Raposa, passou por Ipatinga, Paraná, Coritiba e Vasco, além do próprio Atlético-MG.

- Dirigi o CRB por dois meses, através de uma parceria que o Atlético tinha com eles, na época. Foi uma passagem onde enfrentamos dificuldades estruturais, um problema crônico de muitos clubes espalhados pelo país. Contudo, foi uma experiência muito válida, ainda mais por se tratar de uma agremiação tradicional como o CRB, que tem torcida presente e força no âmbito estadual. Lá, também tivemos a oportunidade de levar alguns atletas do Atlético, que adquiriram experiência e prosseguiram com sucesso em suas carreiras - recordou o técnico do Cruzeiro, que nasceu em Pedro Leopoldo, interior de Minas Gerais e, assim como o treinador do Santa Rita, tem 59 anos.

O início nos anos 80

Eduardo Neto sabe os atalhos dos descampados do futebol nacional. Revelou jogadores, montou times vencedores sem muita estrutura e sabe das dificuldades de se viver do esporte num país conhecido pelos contrastes.


Eduardo Neto foi campeão paraibano em 1992
(Foto: Leonardo Freire / GloboEsporte.com)


- Fui jogador do Santa Cruz na década de 70. Iniciei a carreira de treinador nos anos 80, trabalhando no Comercial de Serra Talhada, Pernambuco. Depois passei por vários clubes de Pernambuco, com destaque para o Central, que naquela época era muito forte. Sou do Recife e esse início de trabalho foi no meu estado, tendo a primeira oportunidade em Alagoas em 1988, para treinar o CSE. Depois, passei por vários clubes daqui, com destaque para o CRB. Fui treinador lá por três vezes, inclusive em 1997, quando o time quase subiu para a elite do futebol brasileiro.

Eduardo lembra que conquistou o principal título da carreira em 1992, na Paraíba.

- Foi o Campeonato Paraibano, comandando o Auto Esporte. Também conquistei muitos troféus de segunda divisão dos estaduais, principalmente em Alagoas e Pernambuco - completou.

Em Belo Horizonte, Marcelo Oliveira contou que a passagem que teve pelo futebol alagoano foi uma experiência importante, no início da carreira. No CRB, o técnico enfrentou as cobranças de uma torcida apaixonada.

- Com relação à visibilidade, acredito que sempre depende do ponto de vista. A pressão por resultados é algo natural do futebol brasileiro e, quando se trata de um clube com torcida, tradição e história, a cobrança é comum, independentemente da visibilidade ser em âmbito municipal, estadual ou nacional. Mas a responsabilidade pelo trabalho é a mesma, seja dirigindo um time conhecido ou não. No CRB, disputamos o Campeonato Alagoano, que é bastante concorrido, e a conquista tem uma importância muito grande por lá. Chegamos à semifinal, naquela ocasião, mas tudo foi importante para o amadurecimento profissional que buscamos sempre. De lembrança, fica principalmente as recordações da bela cidade de Maceió, muito agradável de se viver e que tem um povo bastante receptivo e caloroso - declarou o treinador do Cruzeiro.

Aposta que deu certo

Antigo funcionário do Corinthians-AL, Eduardo se transferiu para o Santa Rita após a fusão entre os clubes, no ano passado. O time de Boca da Mata não fez boa campanha no estadual e, com a saída de Freitas Nascimento, a direção apostou nele para a Copa do Brasil. Deu certo. O Leão avançou de fase e causou furor ao eliminar o Santa Cruz, no Recife. Antes, havia passado por Guarani-SP e Potiguar.

- Assumi o time faltando uma rodada para o fim do estadual. O Santa Rita lutava para não cair, mas vencemos no Sertão e nos mantivemos na elite. Depois, começou a jornada na Copa do Brasil. Só eu e Deus sabemos as dificuldades que encontrei. Teve a parada para o Mundial, o elenco se desfez e tivemos que montar um novo time, com jogadores que estavam parados. Não temos calendário e é difícil convencer um atleta a fazer um contrato que pode durar duas partidas. Com muita força de vontade desses jovens, chegamos até aqui, eliminando o Santa Cruze no Arruda. Nossa folha, estourando, está em R$ 70 mil, com o jogador de maior salário recebendo cerca de R$ 4 mil - destacou o técnico do Santa Rita.

Eduardo trocou a carreira de treinador pelas divisões de base em 2000, quando foi convidado para trabalhar no Corinthians-AL. No Tricolor, revelou até jogadores de fama internacional.

- Todos os atletas de destaque do Corinthians-AL passaram pela minha mão. O Pepe, que vi com 14 anos na base do CRB e levei para o Corinthians, o Luiz Gustavo, o Marcelinho Paraíba, o Zé Carlos, que passou pelo Cruzeiro e hoje está no Criciúma. Muita gente. Gosto de trabalhar com jovens porque eles querem vencer, têm vontade de mostrar serviço. Para um time ganhar força, é importante mesclar juventude e experiência, mas quem está começando busca espaço, ouve mais.

Troca de elogios

O treinador do Cruzeiro fez muitos elogios ao adversário de quarta-feira. Ele destacou dois jogadores do adversário e disse que o Santa Rita chega às oitavas de final credenciado por uma campanha marcante.


O treinador cruzeirense já trabalhou no futebol alagoano (Foto: Washington Alves / Light Press)

- O Santa Rita é o antigo Corinthians Alagoano e continua tendo como dono o Feijó, um empresário no qual se vê como característica a busca por formar plantéis competitivos e revelar talentos para o país. Eles têm feito uma campanha histórica, com uma boa mescla entre juventude e experiência. Cito alguns nomes como Reinaldo Alagoano, jogador bastante conhecido, e Júnior Amorim, que era ídolo do CRB na época em que trabalhamos lá. Então, não esperamos facilidades de forma alguma. É um adversário que chega após eliminar um clube da grandeza do Santa Cruz e virá com muita expectativa. Vamos respeitar bastante, porém mostrar um futebol forte para darmos um bom primeiro passo na Copa do Brasil.

O técnico do Santa Rita considera ter cumprido a missão na competição nacional, mas ainda espera boas atuações contra a Raposa. Ele quer ver ainda as revelações do time espalhadas pela Série A do Brasileirão.


Eduardo trabalhava na base do Corinthians-AL
(Foto: Paulo Victor Malta / Globoesporte.com)


- O que dizer do Cruzeiro? Um time que está acima hoje dos maiores do Brasil. Vencemos o Santa Cruz porque eles nos menosprezaram. Não há nada impossível e posso dizer apenas que vamos tentar honrar o nome do clube e fazer boas apresentações. Como foi nas outras fases, o favoritismo é todo do nosso adversário. Não tem como ser diferente. Desse trabalho que fizemos, não quero nada. Se receber uma proposta de um grande clube, com estrutura, vou avaliar, mas não em Alagoas. Não há essa estrutura aqui. Senão, para não me aperrear, vou voltar para a coordenação da base mesmo. Não tenho grandes objetivos na carreira de treinador, quero tranquilidade, e espero que esses jovens atletas ganhem destaque num grande centro. O Rafael, o Jeferson, o Reinaldo, por exemplo, são jogadores que têm qualidade e personalidade para defender qualquer clube do país. Os nossos laterais, Edy e Jeanderson, também. Torço muito por eles. São humildes, dedicados e talentosos.

1329 visitas - Fonte: Globo Esporte




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