Comandando a Raposa, Scolari foi campeão da Copa Sul-Minas e trocou o clube pela Seleção

O técnico Luiz Felipe Scolari, quinta-feira, estará de volta ao palco da maior derrota de sua carreira e da história da Seleção Brasileira. Em 8 de julho, na semifinal da Copa do Mundo, o Brasil foi goleado por 7 a 1 pela Alemanha, no Mineirão. Menos de dois meses depois, ele terá outra missão complicada: comandar o Grêmio contra o Cruzeiro, líder do Brasileiro e com 100% de aproveitamento no estádio, às 20h30, pela 16ª rodada do Campeonato Brasileiro.

O Mineirão é um velho conhecido do treinador gaúcho. Ainda como zagueiro do Caxias, ele enfrentou o Cruzeiro pelo Brasileiro de 1978 e saiu derrotado por 2 a 1, de virada, em 5 de julho. Sua primeira partida como técnico contra a equipe celeste também não traz boas lembranças a Felipão: o Brasil de Pelotas foi goleado por 4 a 0, em 22 de fevereiro, pela primeira fase do Brasileiro de 1984.

Em 1998, quando dirigia o Palmeiras, perdeu a primeira partida da final da Copa do Brasil, no Mineirão, por 1 a 0, mas se recuperou no jogo de volta no Morumbi e ficou com o título. Nas quartas de final do Brasileiro, voltou a perder (2 a 1) e, mesmo com dois jogos no Parque Antártica, foi eliminado pelo Cruzeiro. Nas quartas de final da Copa Mercosul de 1999, depois de golear em casa por 7 a 3, o Verdão perdeu no Mineirão por 2 a 0.

A passagem de Scolari pelo Cruzeiro foi curta e marcante, tanto na chegada quanto na saída. Sua contratação foi anunciada antes da final da Copa do Brasil de 2000 contra o São Paulo, e o técnico Marco Aurélio dirigiu o time sabendo que sairia mesmo com o título. A despedida prematura ocorreu com a eliminação para o Palmeiras nas quartas de final da Copa Libertadores de 2001. Felipão deixou a Toca da Raposa para levar a Seleção Brasileira à conquista do pentacampeonato mundial em 2002. Pelo clube, ele conquistou apenas a Copa Sul-Minas de 2001.

VAIAS Um episódio que mostra bem o jeito de ser do treinador ocorreu no jogo de volta contra o Malutrom, pelas oitavas de final da Copa João Havelange, o Brasileiro de 2000. Depois de vencer por 3 a 0 no Paraná e fazer 1 a 0 no Mineirão, o time passou a se poupar, enquanto a torcida queria uma goleada. No segundo tempo, os visitantes empataram, e os torcedores passaram a gritar olé e a vaiar a equipe, para desespero de Felipão, que fazia gestos para a arquibancada. “Tem que vaiar a mim. Fui eu que pedi para não correrem riscos, para não ter lesão”, justificou.

Depois da vitória por 2 a 0 sobre o Criciúma, domingo, em Porto Alegre, Luiz Felipe Scolari já falou sobre essa volta ao estádio: “Sobre voltar ao Mineirão? Assim como vou voltar para Livramento, para Bagé, no Gauchão. É a mesma coisa. A minha vida continua. Alguns gostariam de ter me enterrado, mas não morri ainda”.

Os jogadores do Cruzeiro também procuram não relacionar a partida de quinta-feira com o vexame da Seleção Brasileira diante da Alemanha. “É um grande treinador e temos que respeitá-lo”, afirmou o armador Júlio Baptista. “O que aconteceu ficou ali, o passado já escreveu aquela página. Para o Felipão, é uma nova etapa no Grêmio.” O argumento do lateral-esquerdo Egídio é semelhante: “É outra competição. Era a Seleção, agora é o Grêmio. Só o estádio é o mesmo. Vamos impor nosso ritmo e jogar nosso futebol em busca da vitória”.

No Mineirão com a Raposa
31
jogos
18
vitórias
8
empates
5
derrotas
73
gols marcados
36
gols sofridos

» Primeiro jogo: 0 x 2 Atlético-PR, Brasileiro, 30/7/2000
» Último jogo: 2 x 2 Palmeiras (nos pênaltis, Palmeiras 4 a 3), Libertadores, 30/5/2001