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7/8/2014 10:51

OFF - No Barcelona, a banda toca diferente

'Na Europa, a banda toca diferente. Há direitos e deveres. Para quem não os cumprir, não se enquadrar nas regras do clube, a porta da rua está aberta'

OFF - No Barcelona, a banda toca diferente
Neymar chegou à Espanha achando que ainda estava no Guarujá. Bermudas, boné e uma dúzia de amigos, além da namorada, a atriz Bruna Marquezine, a tiracolo. Apresentou-se ao Barcelona e postou mil e uma selfies. Titular absoluto no Santos e considerado craque no Brasil, amargou quase sempre o banco do time catalão. Curiosamente, pela primeira vez nas últimas seis temporadas, o Barça nada ganhou. Para piorar, a Seleção Brasileira protagonizou seu maior vexame em Mundiais. Sorte do atacante não estar em campo nos 7 a 1 para a Alemanha e nos 3 a 0 para a Holanda. Se estivesse, só entraria para a estatística dos fracassados, porque nada mudaria. Neymar tem DNA de craque, mas vai precisar provar isso na Europa. Até agora, é muito marketing e pouco futebol.

Confundindo a seriedade dos europeus com a bagunça dos brasileiros, ele foi passar férias em Ibiza e postou fotos ao lado de amigos, mulheres e de gente mais famosa do que ele. Acabadas as férias, assim que voltou ao Barcelona, foi duramente repreendido pelo novo técnico, Luis Enrique. Ex-volante do Real Madrid, do Barça e da Seleção Espanhola, o treinador não gostou nada da exposição de Neymar no balneário espanhol e, de forma severa, lhe cobrou comportamento de homem e não de moleque. Aqui, os presidentes de clubes passariam a mão na cabeça do jogador e diriam que ele é jovem.

Na Europa, a banda toca diferente. Há direitos e deveres. Para quem não os cumprir, não se enquadrar nas regras do clube, a porta da rua está aberta. Chamou-me atenção no Mundial ver jogadores alemães e holandeses bem vestidos, de ternos e sapatos impecáveis. Quanto aos brasileiros, bermudas, chinelos, bonés e fones de ouvido, mesmo que nenhuma música saísse dali, pois queriam mesmo era evitar perguntas de repórteres. São muito mal-educados. Fosse eu dirigente, determinaria compostura nas ações e nas vestimentas. Enquanto um jogador europeu se apresenta ao clube com passeio completo (terno e gravata), um brasileiro vai desleixado. E quer ser respeitado assim. Não adianta apenas jogar bola, é preciso ter comportamento de homem, mas exigir etiqueta de quem sequer sabe escrever o nome é pedir demais.

O jogador brasileiro pode não ter instrução, graduação escolar, mas pode muito bem adquirir cultura, lendo e conhecendo lugares históricos. Mas não faz isso. Nas folgas, quer dividir o pagode com supostos amigos. O cara tem a chance de morar em Paris e conhecer a história dos franceses, mas prefere se transferir para outro centro, onde se fale o “portunhol”. Há atletas que viveram em Lyon sem jamais saber que se trata da cidade de gastronomia mais famosa da Europa. Enquanto nós, pobres mortais, sonhamos com a chance de morar no exterior, quem vê esse privilégio lhe cair no colo o atira pela janela. Por que não contratar um bom professor, até para dar aula em domicílio, e desfrutar de tudo o que o Velho Mundo oferece?

Já desisti desses caras faz tempo. Com um ou outro vale a pena fazer amizade. Leonardo é um deles. O ex-jogador, e atual dirigente, é altamente culto, fala seis idiomas e procurou conhecer a cultura e a tradição dos países em que atuou. Até mesmo o japonês, idioma dos mais difíceis de aprender, ele sabe. Lembro-me de uma entrevista que fiz com ele, quando jogava pela Seleção Brasileira, e havia curiosidade do público em saber que carro tinha, uma vez que a maioria dos companheiros atuando na Europa era dona de Ferraris. Ele me olhou e respondeu: “Tenho um carro bem simples, pois isso não é o mais importante em minha vida. Mas tenho uma cultura e um berço que poucos dos meus colegas têm”. Vejam que cara espetacular, exceção no meio.

Portanto, Neymar, menos exposição e mais futebol. Se o Barcelona quisesse contratar uma celebridade, iria a Hollywood e fecharia contrato com Jack Nicholson, por exemplo. Em qualquer outra parte do mundo, o atacante despertará curiosidade por ser jogador de futebol, nada mais. Ele não tem nenhum valor agregado que leve as pessoas a idolatrá-lo. E deve saber que se não comprovar o que dele se espera nos gramados, será apenas mais um. O futebol é assim. Somente os inteligentes, educados e de berço sobrevivem depois que param.

1959 visitas - Fonte: Superesportes




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