A sala de estar, o porto seguro, o território. Assim é o Mineirão para Fred. Uma relação de intimidade entre um estádio e um atacante que persegue gols a todo momento. O camisa 9 da seleção brasileira andava de mal com eles, ainda não havia marcado na Copa do Mundo, mas na goleada por 4 a 1 sobre Camarões, na última segunda-feira, tudo começou a voltar ao lugar. O artilheiro marcou depois de passar duas rodadas em branco no Mundial. Agora, quer provar que não se trata de um lance isolado, que a má fase foi embora de vez.

Neste sábado, contra o Chile, pelas oitavas de final, o atacante, que manteve o bigode da sorte, terá o cenário ideal para brilhar: o Mineirão, uma espécie de habitat natural do camisa 9. Cria do América-MG, Fred explodiu para o futebol com a camisa do Cruzeiro.

E foi no palco do jogo decisivo para o Brasil que ele despontou para o mundo. Lá, é como se tudo conspirasse a favor dele.

- Sempre é uma energia diferente quando jogo no Mineirão. Já fiz grandes jogos, já marquei muitos gols. Para mim é diferente quando jogo lá, me dá mais confiança, conheço os atalhos do campo e ali me sinto em casa – disse.

Quando diz que conhece os atalhos do Mineirão, Fred não fala da boca para fora. Está respaldado pelos números. O atacante tem marcas expressivas no estádio. Em 48 jogos, balançou as redes 42 vezes, com média de 0,87 por partida. Foram 36 gols pelo Cruzeiro, três pelo Fluminense, dois pelo América-MG e um pela Seleção. Reinaldo, ex-atacante do Atlético-MG e da Seleção, é o maior goleador do estádio, com 152 gols.

Defendendo as cores do Brasil, Fred jogou apenas uma vez no Mineirão. O momento, no entanto, foi mais do que especial. A partida, que completou um ano na última quinta-feira, foi contra o Uruguai, pelas semifinais da Copa das Confederações do ano passado. De canela, abriu o caminho para a vitória por 2 a 1 diante de toda sua família (assista ao gol no vídeo ao lado), que mora em Minas Gerais. Na comemoração, o atacante apontou para o solo e gritou para as câmeras:

- Aqui em casa quem manda é nós (sic)!

O gol marcado sobre Camarões trouxe leveza ao centroavante, mas não diminuiu o tom das cobranças. E ele sabe que precisa evoluir.

- Tenho certa maturidade e tenho que manter a calma, tentar explorar ao máximo minhas características e o que posso fazer. Não adianta eu querer sair muito da área e driblar três porque não vai adiantar. A gente também lê, ouve o que acontece fora, e fica essa briga: "O Fred não pega na bola". E eu tenho que procurar participar mais. Contra equipes muito fechadas, não tem como eu sair muito. Se eu sair para devolver para o Luiz Gustavo, não vai adiantar. É um jogo psicológico, tenho que entender. E o grupo todo, Felipão, Parreira, eles têm me ajudado muito. No último jogo, teve evolução, foi melhor para mim, consegui chutar mais, foi legal.

Fred fez 273 gols em 484 jogos em sua carreira. São 34 pelo América-MG, 56 pelo Cruzeiro, 43 pelo Lyon, 18 pela Seleção e 122 pelo Fluminense. Pelo Brasil, o camisa 9 tem 37 partidas. Até aqui, 23 vitórias, nove empates e cinco derrotas.