Farpas foram trocadas no início de 2018 quando a atual direção do Cruzeiro assumiu o clube. A situação financeira encontrada foi alvo de críticas feita pela cúpula chefiada Wagner Pires de Sá. O antecessor, Gilvan de Pinho Tavares, rebateu as acusações. Fato é que o Cruzeiro ficou no centro de um turbilhão de cálculos. O balanço publicado no fim de abril - quase na última hora, por causa da Lei Pelé e do Estatuto do Torcedor - foi contestado pela diretoria.
As contas foram revisadas no mês de setembro por uma terceira auditoria contratada à parte pelo Cruzeiro. Do superávit de R$ 30 milhões apontado em abril, o número se tornou negativo agora: déficit de R$ 16,8 milhões. Nos últimos dados levantados - aos quais o GloboEsporte.com teve acesso – foi possível ver que o Cruzeiro adquiriu R$ 71,2 milhões em empréstimo bancários para pagar dívidas da gestão passada. Entre elas, premiação pelo título da Copa do Brasil 2017, salários atrasados e direito de imagens, além de outras pendências não especificadas.
Como já faturou 43 milhões em premiação em 2018, com o título estadual e as fases disputadas da Copa do Brasil e da Libertadores – considerando que o clube já tem o mínimo de R$ 20 milhões garantidos pela final do torneio nacional – o Cruzeiro pode chegar a R$ 73 milhões em ganhos com as competições. Isso porque o campeão da Copa do Brasil leva R$ 50 milhões, fora os outros valores distribuídos ao longo da disputa. Portanto, o clube alcançaria uma quantia suficiente para pagar os empréstimos, logicamente se todo o dinheiro fosse revertido para isso.
Mais que o dinheiro, o Cruzeiro terminará a temporada com um título de expressão, garantirá uma vaga na próxima edição da Libertadores e, ainda, poderá curar a ressaca proporcionada pela eliminação para o Boca Juniors.
Presidente confiante
O presidente Wagner Pires de Sá acredita que as contas levantadas serão aprovadas pelo conselho. E mostrou confiança no trabalho realizado pela auditoria independente.
"O Cruzeiro sempre teve uma auditoria externa, mas a pedido do conselho consultivo contratamos outra. Foram feitas duas auditorias externas. Os números agora estão corrigidos. A contabilidade marca fatos passados"
- Os fatos precisam estar dentro do seu ano, sua época de competência. Agora vai se resolver. Já está sendo mandando para os conselheiros. Já foi examinado pelo conselho fiscal, agora é esperar a deliberação do conselho do Cruzeiro. É o órgão maior para se aprovar o balanço. Fazemos parte de uma legislação, com Profut. Vamos cumprir essa etapa. Não vai haver nenhum problema - disse Wagner.
No balanço, que ainda será votado, foi possível observar outros números de relevância. Em dívidas com clubes nacionais e estrangeiros, o Cruzeiro passa dos R$ 65 milhões - os débitos com os clubes de outros países estão em processos na Fifa.
Fidelização rendeu bem
O programa sócio do futebol rendeu boa participação ao Cruzeiro em 2017. Considerando os associados e os ganhos com bilheteria nos jogos, o clube faturou R$ 39 milhões.
Por fim, o estudo da auditoria ainda relata os direitos adquiridos em jogadores para a temporada 2018. O Cruzeiro comprou 80% do volante Bruno Silva, 70% do atacante David e 60% do meia Mancuello.